Para pessoas típicas ou atípicas, ler e escrever são habilidades muito importantes para a vida em sociedade. Elas facilitam a comunicação, socialização, promovem independência, autoestima, compreensão do mundo ao redor, desenvolvimento acadêmico, profissional e muito mais.
Para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) existe mais um grande benefício: saber ler e escrever facilita o processo de inclusão escolar de alunos com autismo. Como existem muitas dúvidas sobre o processo de alfabetização de alunos no espectro, preparamos este conteúdo.
Basicamente, alfabetização é um processo de aprendizagem visando ensinar uma pessoa a ler, escrever e interpretar a partir da compreensão do sistema alfabético.
A alfabetização parte de um processo cognitivo, onde há habilidades que precisam ser desenvolvidas em todas as pessoas, independente de idade ou da condição (típica ou atípica), que precedem a leitura e escrita.
Primeiro a criança aprende a ler e, só depois, a escrever. Uma leitura fluente resulta em uma boa escrita. Isso acontece, pois, enquanto a leitura é a decodificação do alfabeto (compreensão da relação das letras com o som), a escrita é a codificação desse mesmo conjunto, que compreende um processo cognitivo muito mais difícil.
Mas quando se trata de alunos no espectro, será que a forma de ensinar difere de crianças típicas? A resposta é sim! Entenda sobre as diferenças no próximo tópico.
A alfabetização de uma criança com TEA e típica se difere em relação às metodologias utilizadas, o tempo que esse processo irá levar e a compreensão das suas características específicas.
Em muitos casos, as metodologias utilizadas nas escolas não consideram as particularidades de uma criança no espectro e o período maior que ela pode precisar para desenvolver determinadas habilidades, causando bastante frustração.
Assim como uma pessoa típica, cada criança com autismo funciona de uma forma e percebe o mundo de maneira diferente: algumas são mais visuais, outras se interessam mais por sons ou atividades manuais. Com isso, o interessante é que os professores e pais façam testes, investiguem as principais dificuldades da criança, experimentem formas de apresentar um conteúdo e invistam no que houver maior adesão.
A alfabetização tem que ocorrer de forma personalizada!
Confira os 5 itens que compõem um processo estruturado de alfabetização para alunos com autismo:
(A consciência fonológica é a capacidade de associar as letras aos seus sons.)
A dificuldade de organização e compreensão da linguagem são sintomas comuns em pessoas com TEA. Por isso, quando o aluno é estimulado a parar e pensar que cada letra tem uma sonoridade própria, aquela informação começa a ficar mais organizada e o código alfabético começa a fazer mais sentido. Com isso, a habilidade de percepção e manipulação do som vai aumentando.
Esse princípio foca na percepção de que cada letra tem um símbolo e um som específico. “O princípio alfabético envolve o reconhecer as letras do alfabeto, realizar a correspondência grafema-fonema, além de conhecer e produzir o som correspondente a um código gráfico (grafema/letra), tendo relação direta com a decodificação.” (Puranik, Lonigan, & Kim, 2011)
Se o aluno com autismo na escola ou seu filho com TEA ainda não conseguiu ser alfabetizado, seja ele criança, adolescente ou adulto, volte para os fundamentos e trabalhe principalmente essas duas habilidades precursoras: consciência fonológica e o princípio alfabético. Apenas com essa base bem estabelecida será possível avançar na leitura e escrita.
Confira as outras habilidades fundamentais para a alfabetização:
A instrução fônica consiste no ensino de grafemas, relacionando os sons das palavras faladas com a ortografia. Isso auxilia ainda mais no desenvolvimento da consciência fonológica e facilita a aprendizagem leitura
Forma direta e estruturada de ensinar, dividindo a aula em etapas e tornando o processo mais claro. O objetivo da instrução explícita é dividir o processo de aprendizado em algumas fases:
A abordagem multissensorial consiste em utilizar os sentidos para facilitar o processo de aprendizagem.
As pessoas têm estilos de aprendizagem distintos. Enquanto alguns são mais visuais e precisam desenhar ou escrever para aprender, outros aprendem melhor por meio dos sons, necessitando apenas da explicação falada pelo professor, por exemplo.
No processo de alfabetização, ao utilizar os sentidos, diferentes áreas do nosso cérebro serão acionadas. Isso trabalha as diferentes formas de aprender e ajuda a solidificar aquela nova informação.
Lembre-se: se a criança tem interesses restritos por algum tema, utilize isso no processo de alfabetização
atividades adaptadas para alunos com autismo com base em seu interesse. Se o interesse dela é por astronomia, por exemplo, prepare as aulas, imagens e atividades com o tema de planetas, estrelas e galáxias.
Mesmo com todo o processo estruturado, se a criança aprender a ler, mas não aprender a escrever, faça adaptações. Há outras formas de comunicação além da escrita, como o Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (método PECS). Mesmo sem saber escrever, o importante é que ela consiga se expressar.
Autistas não verbais também devem ser alfabetizados. Afinal, eles precisam se comunicar, mas a fala não é necessariamente um pré-requisito para isso.
Nesses casos, o processo estruturado de alfabetização também pode ser utilizado em conjunto com o método PECS. A avaliação do aprendizado da leitura em um autista não verbal pode ser feita com o apoio de imagens e figuras, onde a criança lê algum texto e depois aponta para a figura que melhor representa o que foi lido.
Dentro das plataformas são trabalhadas áreas de conhecimento em diferentes componentes curriculares:
A alfabetização acontece principalmente na categoria “letras”, onde é desenvolvida a compreensão do sistema alfabético, da ortografia, das diversas grafias, da acentuação e da morfologia das palavras.
As habilidades aprendidas são:
Além do processo de alfabetização, esta categoria trabalha a estimulação cognitiva com a técnica de associação de pares. Nela é estimulada a atenção e, enquanto processo cognitivo, envolve mecanismos responsáveis pela seleção, inibição, alternância e sustentação de estímulos.
Esperamos que este conteúdo tenha sido útil para você. Em caso de dúvidas, utilize os comentários para deixar sua pergunta.
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